domingo, 11 de setembro de 2011

POEMA - SEM FOME




SEM FOME

Não queria comer
Que não lhe lembrassem
do trabalho

Horas de beber...
Mil vezes se sentira tentada
Mulher que pode
O que não deve
O resto! Bagatelas.

O jeito foi sentar
esfriar as ideias.

Deitada no beliche inferior
fita o que lhe está por cima
        e s t r a d o
algumas tábuas
úmidas e fétidas
do mijo da madrugada.

Sua filha continua
se molhando durante a noite.

Não quer saber.
  Mãe vai comer.
Sem fome  estômago esfria.
Olhos amolecidos
soneira do meio dia

Encabulada a tarde chega
mansa, desfolhada

Filha ajuda mãe se organizar
Bolsa à mão
Sempre saindo
Camisão

Sonhos...
Borboletas azuis
Aguardam quietas
O retorno ao lar.

Poema extraído de” Santos de Quarentena”/Iris Tavares
Fortaleza, Expressão, 1992.

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