SEM FOME
Não queria comer
Que não lhe lembrassem
do trabalho
Horas de beber...
Mil vezes se sentira tentada
Mulher que pode
O que não deve
O resto! Bagatelas.
O jeito foi sentar
esfriar as ideias.
Deitada no beliche inferior
fita o que lhe está por cima
e s t r a d o
algumas tábuas
úmidas e fétidas
do mijo da madrugada.
Sua filha continua
se molhando durante a noite.
Não quer saber.
– Mãe vai comer.
Sem fome estômago esfria.
Olhos amolecidos
soneira do meio dia
Encabulada a tarde chega
mansa, desfolhada
Filha ajuda mãe se organizar
Bolsa à mão
Sempre saindo
Camisão
Sonhos...
Borboletas azuis
Aguardam quietas
O retorno ao lar.
Poema extraído de” Santos de Quarentena”/Iris Tavares
Fortaleza, Expressão, 1992.
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