quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO!


É TEMPO DE AGRADECER

Final de ano é um tempo de reflexão e expectativa ensaiadas. É um tempo de agradecer, principalmente quando se encerra uma caminhada em que houve desafios permanentes. 

Na verdade, o fim de ano é o começo de mais um ano, que, para ser novo, depende da nossa capacidade de transformar as perdas em ganhos e continuar acreditando que a transformação é um processo que se inicia de acordo com a natureza de cada um. Há sempre um hiato entre aquilo que é e aquilo que vem a ser, entre o que se quer e o que se pode fazer. É um tempo que foi extraído do cotidiano dos operários, dos favelados, dos espigões onde a elite se põe vigilante e decreta feriado para solenizar o último dia do ano.

O último dia do ano é um incentivo para recuperar o que passou despercebido, é um estalar de dedos que desperta as grandes ideias e abre sorrisos de boas-vindas para um tempo que comunga com um mundo, que vai além das coisas,  o mundo das pessoas.

Por isso eu agradeço por esse momento e pelo que ele representa nas histórias individual e coletiva de cada uma das pessoas que se permite aprender, interagir e vivenciar a grande aventura: tornar-se um ser humano melhor.

Que o janeiro de 2012 marque, na vida das pessoas, uma etapa de realizações e conquistas e a durabilidade de um sonho que faz de nós idealizadores e lutadores de um novo tempo.  
.
Maria ÍRIS TAVARES Farias
Presidente
Instituto Municipal de Pesquisa, Administração e Recursos Humanos de Fortaleza-IMPARH.
Av. João Pessoa, 5609. Bairro Damas.Fortaleza-Ce.CEP 60.425.682

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

NÃO NOS PERDOARÃO (POESIA)


NÃO NOS PERDOARÃO

Não nos perdoarão por entoarmos hinos
E lavar com orgulho e altivez
Os corpos sacrificados dos nossos mortos

Não nos perdoarão por continuarmos sonhando
Sem assinalarmos nenhum pacto, nenhum acordo
Fomos constituídos sem redomas

Não nos perdoarão
Pelo nosso divórcio do bom gosto
Dos bons modos

Comum em nós chama-se indignação
Defendemos liberdade
Abominamos inutilidades

Passa-passa gavião
Todo mundo passa-passa

Não nos perdoarão
Por desprezarmos a passividade
Por reivindicarmos florestas
Em vez de jardins privados

Vigília, forquilha, democracia.
Passa-passa gavião
Todo mundo passa-passa

A vergonha de Rui
Pode ruir, fazer rir
Tenta o povo esmilinguir

Dentro e fora de barricada
República fracassada
por falsos sentimentos tupiniquins

Não nos perdoarão
Pelos manifestos, protestos,
Desafetos atores da luta de classe

Os nobres barões do concreto
Os neocoronéis de gravata
Botas asfaltadas

Lacaios do sistema financeiro
Não nos perdoarão
Por continuarmos sonhando.
 __________________________________________
Extraído do livro: "À sombra dos quintais." 
de: Iris Tavares
Fortaleza, Novembro, 2008.

sábado, 3 de dezembro de 2011

"LIBERDADE DE IMPRENSA NÃO PODE SER CONFUNDIDA COM LIBERALISMO"

 
Luiz Gustavo Pacete - Portal Imprensa
Polêmico e criticado por correntes políticas opostas ao "Movimento de Blogueiros" ou também conhecido como "Blogueiros Progressistas", o jornalista Alberto Perdigão ganhou corpo e visibilidade quando passou a defender, publicamente, a candidatura da presidente Dilma Rousseff, em 2010. O grupo alegava que a candidata teria sido vítima de inverdades e manipulações por uma parte da imprensa, que, declaradamente, apoiava o então candidato José Serra.
Independente do termo ou da linha ideológica atribuída ao grupo, o foco do jornalista, que também é pesquisador de comunicação e mídia digitais, é discutir a comunicação pública. Atualmente, ele é um dos articuladores do movimento em Fortaleza (CE) e defensor da teoria da Comunicação Pública, que, segundo ele, é uma comunicação que vai do lado oposto ao que se entende atualmente por 'público'. "Uma comunicação pública ideal só será efetiva quando estiver nas mãos do povo e não for representada por formatos institucionalizados". Perdigão também é é autor do livro "Comunicação Pública e TV Digital", uma pesquisa sobre a TV pública no advento das mídias digitais. Em entrevista à IMPRENSA, Perdigão fala sobre o conceito de comunicação pública, o papel das emissoras públicas e sobre o "Movimento Blogueiro" no país. Além de criticar a falta de entendimento por parte dos empresários de radiodifusão, com relação ao Marco Regulatório da Mídia. 
 .
Qual a correta definição de comunicação pública?
A discussão sobre a comunicação pública ainda é um tema muito novo nos governos municipais, estaduais e até mesmo no Federal. A própria academia ainda vê o assunto como novidade. Mas o que preocupa é que a sociedade está distante de se apropriar das práticas relacionadas à comunicação pública.
O que exatamente é esse conceito?
É um novo parâmetro que surge para sepultar de vez o formato de comunicação institucional instituído por governos militares, que os Estados Unidos propuseram para a América Latina na década de 1960. Esse movimento de comunicação pública prima por uma comunicação dialógica entre os poderes públicos e o cidadão.
As emissoras públicas de TV se enquadram neste modelo?
Tevês, como a Fundação Padre Anchieta, mesmo com seus altos e baixos, e a própria TV Brasil, são experiências importantes. Vejo que precisam evoluir, mas representam a saída da inércia. O que em minha opinião é condenável e perigoso é que a TV Brasil tente estabelecer uma rede com as outras emissoras públicas estaduais sem se preocupar em exigir que elas criem conselhos curadores. Eu não vejo sentido no fato de o Governo Federal se preocupar em oferecer programação para televisões estatais onde uma meia dúzia de políticos e o governador local ficam mandando.
Mas esse mundo ideal está próximo de tornar-se realidade?
Ainda não, é algo que não está em debate. Quero conversar com o Nelson Breve (atual presidente da Empresa Brasil de Comunicação) para dizer isso a ele, mesmo que eu seja o primeiro.
Explique melhor o papel da TV pública neste conceito. Não existe certa confusão de termos?
A TV pública no Brasil ainda é algo a ser construído... Acredito que é possível que nossa TV pública construa um projeto político, mas isso leva tempo. O importante é que já saímos da inércia. Várias coisas precisam ser pensadas, um projeto de financiamento... A EBC, por exemplo, acaba sendo contaminada em relação à expectativa do governo pelo fato de receber verba pública. Isso pode continuar assim? Talvez. Mas é possível que existam outras maneiras? Não sei. Uma cobrança de taxa na compra de televisores, como se faz na Inglaterra, ou outras maneiras de financiamento... Outra questão é a tecnologia, não só da EBC, mas de toda a rede que ela estabeleça no país. Muitas vezes, você moderniza uma emissora que regionalmente continua vivendo sobre contaminação política. Enquanto esses projetos não forem reconstruídos, nossa TV continua a ser desinteressante.
As redes sociais representam um marco nessa comunicação pública que você defende?
Ela caminha juntamente; é complementar. Por que a cultura digital é horizontal e destrói por completo as velhas formas de comunicação. Ela promove a circulação do poder. O que esses fenômenos trazem de novo é que a informação circula; com isso, o poder circula e é este o anseio da sociedade atual.
Qual seria o papel do governo nesse movimento?
É muito bom que esse movimento comece pelo Governo Federal. Ele pode servir de inspiração para que estados e municípios façam o mesmo. Mas a comunicação pública só vai existir efetivamente quando o público se apoderar dela. É necessário que todos se mobilizem; também é muito importante que exista um movimento de baixo para cima.
Está acontecendo na velocidade necessária?
Está muito atrasado. Essa mobilização é lenta porque hoje quem está com o poder não quer entregá-lo ao povo de forma efetiva. Os poderosos sabem que quando o poder entra em uma roldana de comunicação pública, a informação vai ser compartilhada.
Mas, justamente pelo fato de ter medo de ficar descoberto, o governo não dificultaria a democratização da comunicação?
Me preocupa se não vamos conseguir avançar nessa discussão. O governo da Dilma e do Paulo Bernardo (Ministro das Comunicações) me parece tímido em relação a um projeto de comunicação efetivo.
Você quer dizer regulação?
Sim. No momento em que o governo não assume seu papel de protagonista em relação ao novo marco regulatório, não avançaremos. Acho um equívoco o governo não se pronunciar claramente sobre esse assunto. Ele é dúbio neste aspecto e não está contribuindo em nada com o debate. Ele deveria assumir a posição que lhe cabe e dizer à sociedade de forma clara o que ele pensa.
A sociedade brasileira tem dificuldade em entender o conceito de regulação da mídia?
Eu sempre faço uma comparação com a Argentina. Lá, o governo sentou com as partes interessadas e chegou a um consenso. Não fizeram a melhor do mundo, mas fizeram a lei que era possível. Equador avançou, Venezuela avançou. E nós?
Mas são contextos diferentes do Brasil. Você quer dizer que concorda com a posição desses governos em relação à imprensa?
A comparação que eu faço não é com o conteúdo dessas leis e sim com a atitude do governo de ter feito algo.
Não lhe parece que essa discussão está carregada de ideologia?
Eu acho que as empresas confundem liberalismo com liberdade. O liberalismo no Brasil está resguardado, as empresas todas vão continuar atuando e fazendo dinheiro. Os empresários de radiodifusão poderão fazer fortuna. Mas a liberdade de empresa não pode ser confundida com a liberdade de imprensa. A liberdade de imprensa tem uma função social e tem que ser muito maior do que a questão econômica. Eu acho muito maldoso misturar regulação com censura.
Você é um dos articuladores do chamado "Movimento dos Blogueiros" ou "Blogueiros Progressistas". Acredita que o grupo está disposto a discutir questões importantes para o país ou quer exercer um papel político partidário defendo um governo ou outro?
A eleição da Dilma foi um marco fundamental para o "Movimento de Blogueiros". Os meios de comunicação, de maneira em geral, fizeram uma opção pelo Serra e esse grupo surgiu para desmentir mentiras e distorções publicadas pela mídia à época da eleição. Com isso, surgiu uma rede de contra-informação ou contrapoder. O movimento não tem uma intenção partidária ou eleitoral e nem CNPJ, ele tem, apenas, uma identidade política que é virtual e colaborativa. Se somos chamados de progressistas ou não, pouco importa. O que importa é que não vamos abandonar a luta. 
.
Alberto Perdigão, jornalista, editor do Blog da Dilma em Fortaleza e um dos organizadores do II WebFor - Comunicadores Digitais do Nordeste - dias 14 e 15 de abril de 2012.
.
Extraído de: http://dilma13.blogspot.com/2011/11/liberdade-de-imprensa-nao-pode-ser.html