domingo, 11 de setembro de 2011

POEMA - CONFISSÃO


CONFISSÃO

Não houve tempo
entrelaçar as mãos
começo de manhã
fantasias vãs
Mulher vadia
afoga-se na panela
entre batatas e verduras
carne frita

Não queria esse papo
política, carestia,
mas o açougueiro é bravo
corpo respingado, sangria
Diz-se boi
a reclamar do curral
e não tem aparência de noivo,
'homem enamorado'

Não queria esse papo
intriga da sociedade
seus babados
o homem da carne que me perdoe
votar sem criatividade
é mal estar por longos anos
servidão

Insisto! Não queria esse papo
Filhos meus: por que esse atraso?
Que volte a madrugada
o dia se chegue mais terno, apaixonado
Lá fora é pasto
      Preciso sair do ninho?
Bicos emendados, cantos entoados
que me chegue assim a vida
Só os dias – alimentar o gado
'never'

Venha a relva e não o pasto
filhos meus, dos outros
e do mundo.

Poema extraído de “ Santos de Quarentena”/Iris Tavares, 
Fortaleza, Expressão, 1992.

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