domingo, 11 de setembro de 2011

GUERRA INFINITA CONTRA A HUMANIDADE



 GUERRA INFINITA CONTRA A HUMANIDADE

Em meio a todos os esforços para a aclamação de “heróis anônimos” e comoção mundial, o documentário “Alerta Geral” exibido ontem à noite, no programa "Fantástico", da Rede Globo, deu-me duas certezas: que os norte-americanos não aprenderam nada com aquele lamentável fato e pouco tempo depois provaram existir um espírito bélico no seio de sua sociedade e que o governo deles não é nem um pouco solidário com seus cidadãos, só repetiu o que outros já haviam feito: guerra.
Após os atentados de 11 de setembro, mesmo comovidos e estupefatos com a perda de milhares de vidas, a maioria dos cidadãos norte-americanos exigiram de seu governo retaliação, que o inimigo fosse descoberto e destruído, deixando claro que o exemplo de uma cultura de paz que os japoneses deram ao mundo após os ataques nucleares de Hiroshima e Nagazaki, desferidos por eles, norte-americanos, durante a 2ª Guerra Mundial, quando sentenciaram o desarmamento de seus exércitos, não foi sequer cogitado.
Porém, esse mesmo governo, que atendeu prontamente os clamores de retaliação de seus cidadãos, lhes deu as costas pouco tempo depois, ao assistir, imóvel, os banqueiros de Wall Street desferirem sobre a economia norte-americana e, consequentemente, as poupanças, hipotecas e empregos de milhares de cidadãos daquele país e do mundo inteiro o maior ataque especulativo da história mundial.
O cineasta Charles Ferguson, dirtor de “Trabalho Interno” e o professor Aristóteles Berino da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, autor do livro “A economia política da diferença”, nos ajudam a responder duas perguntas cruciais: por que, ao invés de conter esses ataques, o governo norte-americano disponibilizou empréstimos com o dinheiro dos mesmos cidadãos que estavam sendo despejados de suas casas e demitidos de seus empregos? Afinal, quem declarou guerra contra os norte-americanos e, no limite, contra a humanidade?
O professor Berino, nos responde: o capitalismo, de uma forma aberta e clara, declarou “guerra infinita contra a humanidade”; sobretudo porque se transformou em um sistema social tão agudo na sua hegemonia que penetrou as estranhas de governos e de culturas, promovendo conflitos insolúveis: comunidades tradicionais X cultura industrial; progresso energético X preservação ambiental, por exemplo. “Por isso foi tão comum na última década, e assim permanece, a percepção de que a miséria globalizada, a violência sob a forma da guerra e também aquela que é distribuída no interior das sociedades, bem como a intolerância e a barbárie mundiais, são o resultado inelutável das oposições Norte e Sul, Ocidente rico X o resto do mundo e, mais recentemente, ‘mundo civilizado’ X ‘fundamentalismo religioso’ ou ‘choque de civilizações’. Guerra infinita porque as polarizações, na verdade, apenas disfarçam a dispersão do inimigo, que se aglutina em redes e nas identificações que produz em todo mundo. É a guerra oportuna da era das identidades irascíveis e incontornáveis”.
Ao deflagrar “Guerra ao terror”, como reação ao 11 de setembro de 2001, e conceder empréstimos, como solução a crise de 2008, o governo norte-americano deixa claro que não concorda nem com Ferguson, nem com Berino, mas eu concordo. Nosso inimigo, o mais mortal de todos, é o capitalismo.
 
Por
Tanísio Vieira
Mestre em História/PUC/SP 
Assessor de Planejamento IMPARH/PMF.

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