Esse poema abre a coletânea de poesias "Santos de Quarentena", de minha autoria, publicado em 1992. O poema é "CIDADE" e a poesia é um mapa de sentimento e ambiente, por onde se ver parida uma cidade. Quando estruturei o poema, Juazeiro – minha terra natal - me alinhou a inspiração. Sempre estou lendo, relendo e sentindo emoções, principalmente agora no centenário de Juazeiro. Minha cidade, meu mundo, meu esconderijo.
"CIDADE"
Se homem
Se menino
Não sei
Apenas móvel figura de cidade
A inflar na minha mente
Ah! Onde estão os passos?
Vacilantes, desavisados
de quem frequenta o bar
laços de boemia
amarrados à lua
como fina teia
aranha, bicho da sede
e as andorinhas no asfalto
Se mulher
Se menina
Não sei
É a cidade
Sorriso malogro
um piscar de olho
Que nos faz sonhar
A cidade sou eu
De pernas abertas
Peito arfante e dentadura prateada
A procura dos deuses
dos pagãos
dos santos e dos beatos
enquanto geme a cidade
pelos becos
em cama de albergues quaisquer.
.
Poema extraído de "Santos de Quarentena" de Íris Tavares.
Fortaleza, Editora Expressão, 1992.
Nenhum comentário:
Postar um comentário