Quando li esse poema para Dejesus, seu rosto se contraiu de alegria e emoção. Ela dizia:
-Lilinha! (apelido que ganhei do meu pai e que só a família ou pessoas muito intimas à nossa casa, assim me tratavam). Muié você me botou no seu livro! E se ria até chorar.
Hoje quem chora sou eu. De saudade! Dejesus (agora apenas espírito) habita uma constelação, gourmet das mais raras iguarias.
Nesse centenário de Juazeiro, um refresco para os(as) filhos(as) de Juazeiro que tiveram o privilégio de se alimentar dos seios, das mãos e do coração da Doce Dejesus.
"DEJESUS"
“Dejesus” mora próximo ao Salgadinho
Mulher roliça
Pele cor da noite
Sorriso claro e iluminado
Como o dia
Nessas andanças à meia luz
Desnudando às ruas
Procurando luas
Avistei aquela figura
Alegria em volta
Mão em festa
Olhar de fartura atrvessa a janela
São os olhos de “Dejesus”
Encurtando as ausências
Manifestando benquerenças
Seus seios fartos
Sempre iguais - alimentando -
Merenda escolar
Um velho quadro pintado
na memória antiga
Escola Normal
Foi lá que conheci “Dejesus”
Sonhos, pastéis, bolo,
Tapioca e o suco de groselha
“Dejesus” é doceira
é pitada de sal
é cozinheira de mão cheia
é mulher de temporais
Fogão de lenha
brabo cospe fogo
esquenta a casa e a sua dona
e deixa a vizinhança
com água na boca
É o cheiro, o belo odor
que perambula por aqui
que me fisgou
pelo olfato, pela lembrança
de quem já se deliciou
de seus doces e guloseimas.
de seus doces e guloseimas.
Poema extraído de "Santos de Quarentena" de Íris Tavares.
Fortaleza, Editora Expressão, 1992.
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