domingo, 20 de maio de 2012

COMUNICAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E GÊNERO




COMUNICAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E GÊNERO

O pensamento tradicional e histórico define que a comunicação é um conjunto de meios, recursos e insumos a serviço do desenvolvimento. Entretanto, existem diversas concepções de desenvolvimento e teorias que dão sustentação à construção de diferentes modelos de desenvolvimento ao longo do tempo e que assinalam algumas variações que foram traduzidas em avanços no pensamento sobre a comunicação e seus fins.

O estudioso Alfonso Gumicio Dragón insere no debate uma nova reflexão, forjada  numa quebra de paradigmas os quais consideram que, desde o começo do século passado, a concepção de desenvolvimento vem se transformando de um modelo que centralizava o desenvolvimento no crescimento econômico linear e ascendente na atual concepção que contempla a multiplicidade de variáveis que têm como referência o ser humano e que consideram a pessoa como núcleo central em sua definição.

Investigar o conceito de desenvolvimento nos defronta com antecedentes históricos, em especial o pós-guerra. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Plano Marshall surgiu como uma forma de ajudar a reconstrução da Europa Ocidental, totalmente destruída. O modelo de desenvolvimento  o qual serviu como base defendia que o crescimento econômico poderia ser o fator primordial para alcançar as sucessivas etapas de desenvolvimento e que as receitas dos países desenvolvidos seriam capazes de garantir o crescimento econômico dos países em desenvolvimento. A partir daí, uma ostensiva plataforma foi desenvolvida pelos meios de comunicação, cujo papel central consistia em difundir as mensagens dos países industrializados para modernizar as sociedades consideradas atrasadas. A comunicação passou a se comportar como uma correia de transmissão dos interesses vinculados ao grande capital. Reduziu seu potencial a meios massivos para difundir informação e  notícias, fortalecendo, assim, a tese de dependência dos países em desenvolvimento.

O desenvolvimento humano é um processo que amplia a gama de opções das pessoas, oportunizando acesso à educação, à atenção médica, a trabalho e renda e abarcando o “espectro” total de opções humanas, desde as boas condições físicas até as liberdades econômicas e políticas. Assim preconiza o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2002). A concepção de  desenvolvimento passa a ter um perfil humano, e a comunicação deixa de ser um “instrumento a serviço de”, para converter-se numa “dimensão estratégica de desenvolvimento”. Há uma vinculação com os processos sociais, econômicos, políticos, tecnológicos e econômicos dos países.

A comunicação com vistas ao desenvolvimento tem, nos seus meios, os espaços estratégicos para criar as condições favoráveis a promover a democratização da sociedade e ampliar a participação dos cidadãos na tomada de decisões para seu emponderamento, qualidade de vida e  bem-estar.

Os novos desafios para os comunicadores no marco do paradigma de desenvolvimento e dos direitos humanos é reunir “numa estratégia o objetivo da interação social, o conhecimento das novas tecnologias e o processo de comunicação”. É um exercício cuja interdependencia se faz necessária e, mesmo assim, as três condições juntas, sem o fator humano, de nada valerão. É uma reflexão importante para compreender que o novo comunicador/a deverá ser a peça central das estrategias de comunicação do novo século.

Iris Tavares
Historiadora

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