sexta-feira, 8 de julho de 2011

CENTENÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE - ACOLHIMENTO A ASSUNÇÃO GONÇALVES

ACOLHIMENTO A ASSUNÇÃO GONÇALVES

                Felicito a iniciativa do Instituto Cultural do Vale Caririense por homenagear pessoas que têm contribuído exemplarmente com a gloriosa História de Juazeiro do Norte, terra de muito brilho, de lutas, trabalho e oração.
               
                O Centenário da cidade evoca um ciclo de experiências vivenciadas pelo(a) mais simples e comum cidadã(ão), e por aquele(a) que ousa compreender e desvendar a complexidade dos fenômenos sociais que se forjaram ao longo do processo histórico dessa urbe centenária. Um desenho de cidade que mistura-se aos largos passos da diversidade humana e da necessidade de satisfazer o rico imaginário que compõe a trama da vida individual e coletiva.

                Coube a mim a honra de acolher a figura humana, gentil e delicada de uma mulher de muitas prerrogativas: artista, educadora, guerreira de uma tradição que nos faz filhas(os) de um dos legados mais valorosos da genialidade aplicada com a simplicidade de quem, de fato, se confunde com o belo e é capaz de vivenciá-lo com a sabedoria nata de um ser que cria e recria caminhos para dentro e para fora de si, conectando-se com as dores e os prazeres das aldeias desse lindo planeta chamado Terra.

                 ASSUNÇÃO GONÇALVES que, nessa noite festiva nos conecta a nossa aldeia mãe, nasceu na rua Pe. Cícero, 233, no dia 1º de junho de 1916, uma menina sadia que mais tarde retrataria, na sensibilidade de seus pincéis, a história de sua cidade e de sua gente.

                A sua origem está circunscrita à décima quarta geração do legendário Diogo Alvares Correia, o Caramuru. Descendência direta, portanto, de Caramuru com Paraguaçu.

                A serra de Santa Rosa deu-lhe, desde a infância, a dimensão extraordinária da natureza. Foi ali que seus olhos alcançaram as formas, as cores e os cheiros, o verde da floresta e o barulho inconfundível da fauna e flora.

                Aproveito para narrar uma das suas mais bravas lembranças: juntamente com algumas amigas, primas e primos, souberam que Lampião estava de visita a Juazeiro, hospedado no sobradinho da Rua Boa Vista com São Paulo, que na época era de propriedade da família do poeta João Mendes. Como um grupo de crianças curiosas e atentas aos fatos, fugiram da vista dos pais e foram ver Lampião ao vivo. O famoso cangaceiro estava deitado numa rede, a se balançar, e, com a aproximação do pequeno grupo de curiosos, indagou:
                    O que vieram fazer aqui? Por que não estão na escola?
                    Viemos conhecer o senhor.
                    Os pais de vocês estão sabendo?
                    Não, senhor.
                    Então vão para casa, eles devem estar  preocupados.                                                                                                
                Na memória astuta e aguçada de Assunção, a impressão que teve, no breve contato com o temido personagem, foi de cansaço e preocupação. Por isso, na mente da artista tem reservado um sentimento de solidariedade para aquele encontro surpreendente.

                Mulher de muitas inspirações: em 1992 inspirou o poema que serviu de título a uma coletânea de poesias de minha autoria, intitulada Santos de Quarentena, publicada, em Fortaleza, pela editora Expressão. E em 1997, com o apoio do nosso glorioso Instituto Pesquisa Cultural José Marrocos e da parceria entre as Secretarias de Cultura de Juazeiro e do governo do Estado do Ceará, o documentário Vida e Obra de Assunção Gonçalves, baseado no livro homônimo de minha autoria.

                Estar na minha terra e dizer a essa mulher, amada por todas(os) nós, que nossa cidade se torna mais humana e mais rica, com sua presença, me deixa extremamente feliz.

                Ao informar à prefeita de Fortaleza, Luizianne de Oliveira Lins, uma mulher também forjada nas lutas do povo libertário, que me ausentaria da cidade para cumprir a honrosa missão de entregar a medalha do centenário de Juazeiro a Assunção Gonçalves, ofertada pelo Instituto Cultural do Vale Caririense, ela me incumbiu da tarefa de agradecer o convite para participar da solenidade, mas que por motivos de força maior, referentes à sua agenda governamental de compromissos administrativos inadiáveis, não pôde comparecer. Sua presença pode ser substituída, querida Assunção Gonçalves, pelos nossos abraços e desejos de felicidades para que possa gozar de um centenário que se avizinha, com muita luz, sabedoria, coragem, sonhos e muita fé.
               
                Resta-me desejar que todos os presentes e as gerações vindouras possam guardar em suas memórias as emoções vividas hoje aqui.

                Encerro este momento de homenagem, fazendo a leitura de uma poesia de minha autoria chamada “Assunção Gonçalves”:

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