POEMA ÚNICO
Perdoa-me por essa falta de jeito
Essa força selvagem, quando te agrido
Na cama, pelo chão, na casa toda
Dizendo coisas obscenas (a chamar-te atenção)
Perdoa-me por essa indiferença branca
...que torna sem perspectiva a poesia...
Ah! esses acessos doidos e completos
Tão intimos tal qual o lápis sobre o papel (feliz cria)
Perdoa-me por arrancar de ti o mar
E me afogar impunemente em outras águas
Sereno é o teu vulto a me ladear
Como quem assim constrói, na pegada das manhãs,
a pureza do amor – num lento e arrastado bocejar...
Depois vem essa vergonha miúda
Condenações de erros sem acertos
Sobre o travesseiro – em madrugadas de sentinelas afoitas
E quando, no emaranhado de nosso ser,
Os nossos corpos por um grito se libertarem,
Tomaremos da taça o mesmo vinho
Que tão deliciosamente nos absorveu do perdão.
Extraído de: "Santos de Quarentena", de Íris Tavares.
Fortaleza, Editora Expressão, 1992.
Poemas, Literaturas que, as vezes se misturam com fatos históricos. Sabe-se que a Literatura é, não sem razão, uma das principais ferramentas para o Conhecimento histórico.
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