COMUNICAÇÃO,
DESENVOLVIMENTO E GÊNERO
O
pensamento tradicional e histórico define que a comunicação é um conjunto de
meios, recursos e insumos a serviço do desenvolvimento. Entretanto, existem
diversas concepções de desenvolvimento e teorias que dão sustentação à
construção de diferentes modelos de desenvolvimento ao longo do tempo e que
assinalam algumas variações que foram traduzidas em avanços no pensamento sobre
a comunicação e seus fins.
O
estudioso Alfonso Gumicio Dragón insere no debate uma nova reflexão,
forjada numa quebra de paradigmas os
quais consideram que, desde o começo do século passado, a concepção de
desenvolvimento vem se transformando de um modelo que centralizava o
desenvolvimento no crescimento econômico linear e ascendente na atual concepção
que contempla a multiplicidade de variáveis que têm como referência o ser
humano e que consideram a pessoa como núcleo central em sua definição.
Investigar
o conceito de desenvolvimento nos defronta com antecedentes históricos, em
especial o pós-guerra. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Plano Marshall
surgiu como uma forma de ajudar a reconstrução da Europa Ocidental, totalmente
destruída. O modelo de desenvolvimento o
qual serviu como base defendia que o crescimento econômico poderia ser o fator
primordial para alcançar as sucessivas etapas de desenvolvimento e que as
receitas dos países desenvolvidos seriam capazes de garantir o crescimento
econômico dos países em desenvolvimento. A partir daí, uma ostensiva plataforma
foi desenvolvida pelos meios de comunicação, cujo papel central consistia em
difundir as mensagens dos países industrializados para modernizar as sociedades
consideradas atrasadas. A comunicação passou a se comportar como uma correia de
transmissão dos interesses vinculados ao grande capital. Reduziu seu potencial
a meios massivos para difundir informação e
notícias, fortalecendo, assim, a tese de dependência dos países em
desenvolvimento.
O
desenvolvimento humano é um processo que amplia a gama de opções das pessoas,
oportunizando acesso à educação, à atenção médica, a trabalho e renda e
abarcando o “espectro” total de opções humanas, desde as boas condições físicas
até as liberdades econômicas e políticas. Assim preconiza o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2002). A concepção de desenvolvimento passa a ter um perfil humano,
e a comunicação deixa de ser um “instrumento a serviço de”, para converter-se
numa “dimensão estratégica de desenvolvimento”. Há uma vinculação com os
processos sociais, econômicos, políticos, tecnológicos e econômicos dos países.
A
comunicação com vistas ao desenvolvimento tem, nos seus meios, os espaços
estratégicos para criar as condições favoráveis a promover a democratização da
sociedade e ampliar a participação dos cidadãos na tomada de decisões para seu
emponderamento, qualidade de vida e
bem-estar.
Os
novos desafios para os comunicadores no marco do paradigma de desenvolvimento e
dos direitos humanos é reunir “numa estratégia o objetivo da interação social,
o conhecimento das novas tecnologias e o processo de comunicação”. É um
exercício cuja interdependencia se faz necessária e, mesmo assim, as três
condições juntas, sem o fator humano, de nada valerão. É uma reflexão
importante para compreender que o novo comunicador/a deverá ser a peça central
das estrategias de comunicação do novo século.
Iris
Tavares
Historiadora
Nenhum comentário:
Postar um comentário