domingo, 11 de setembro de 2011

POEMA - CONFISSÃO


CONFISSÃO

Não houve tempo
entrelaçar as mãos
começo de manhã
fantasias vãs
Mulher vadia
afoga-se na panela
entre batatas e verduras
carne frita

Não queria esse papo
política, carestia,
mas o açougueiro é bravo
corpo respingado, sangria
Diz-se boi
a reclamar do curral
e não tem aparência de noivo,
'homem enamorado'

Não queria esse papo
intriga da sociedade
seus babados
o homem da carne que me perdoe
votar sem criatividade
é mal estar por longos anos
servidão

Insisto! Não queria esse papo
Filhos meus: por que esse atraso?
Que volte a madrugada
o dia se chegue mais terno, apaixonado
Lá fora é pasto
      Preciso sair do ninho?
Bicos emendados, cantos entoados
que me chegue assim a vida
Só os dias – alimentar o gado
'never'

Venha a relva e não o pasto
filhos meus, dos outros
e do mundo.

Poema extraído de “ Santos de Quarentena”/Iris Tavares, 
Fortaleza, Expressão, 1992.

POEMA - ALERTA




ALERTA

É preciso que haja
mais meiguice
mais compreensão
mais emoção

É preciso que haja
mais natureza
Coração sem medo
de guerrilhar
e conquistar
o que de direito
nos pertence.

É preciso que haja
humildade e consciência
nos jovens
nos velhos
nas crianças
nos amantes
Flores nos ideais.

É preciso que haja
mais mulheres na luta
no amor
na entrega
não somente a do corpo
a cabeça é que conta

Chega de arestas
frases incompletas
'Mulheres, precisamos conspirar'!
Por um país
feito de homens
fardões e camisolas
milhares de 'fulanas'
operários
sabichonas

Mulheres, precisamos acordar!!!

Poema extraído de “Santos de Quarentena”/Iris Tavares
Fortaleza, Expressão, 1992.

GUERRA INFINITA CONTRA A HUMANIDADE



 GUERRA INFINITA CONTRA A HUMANIDADE

Em meio a todos os esforços para a aclamação de “heróis anônimos” e comoção mundial, o documentário “Alerta Geral” exibido ontem à noite, no programa "Fantástico", da Rede Globo, deu-me duas certezas: que os norte-americanos não aprenderam nada com aquele lamentável fato e pouco tempo depois provaram existir um espírito bélico no seio de sua sociedade e que o governo deles não é nem um pouco solidário com seus cidadãos, só repetiu o que outros já haviam feito: guerra.
Após os atentados de 11 de setembro, mesmo comovidos e estupefatos com a perda de milhares de vidas, a maioria dos cidadãos norte-americanos exigiram de seu governo retaliação, que o inimigo fosse descoberto e destruído, deixando claro que o exemplo de uma cultura de paz que os japoneses deram ao mundo após os ataques nucleares de Hiroshima e Nagazaki, desferidos por eles, norte-americanos, durante a 2ª Guerra Mundial, quando sentenciaram o desarmamento de seus exércitos, não foi sequer cogitado.
Porém, esse mesmo governo, que atendeu prontamente os clamores de retaliação de seus cidadãos, lhes deu as costas pouco tempo depois, ao assistir, imóvel, os banqueiros de Wall Street desferirem sobre a economia norte-americana e, consequentemente, as poupanças, hipotecas e empregos de milhares de cidadãos daquele país e do mundo inteiro o maior ataque especulativo da história mundial.
O cineasta Charles Ferguson, dirtor de “Trabalho Interno” e o professor Aristóteles Berino da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, autor do livro “A economia política da diferença”, nos ajudam a responder duas perguntas cruciais: por que, ao invés de conter esses ataques, o governo norte-americano disponibilizou empréstimos com o dinheiro dos mesmos cidadãos que estavam sendo despejados de suas casas e demitidos de seus empregos? Afinal, quem declarou guerra contra os norte-americanos e, no limite, contra a humanidade?
O professor Berino, nos responde: o capitalismo, de uma forma aberta e clara, declarou “guerra infinita contra a humanidade”; sobretudo porque se transformou em um sistema social tão agudo na sua hegemonia que penetrou as estranhas de governos e de culturas, promovendo conflitos insolúveis: comunidades tradicionais X cultura industrial; progresso energético X preservação ambiental, por exemplo. “Por isso foi tão comum na última década, e assim permanece, a percepção de que a miséria globalizada, a violência sob a forma da guerra e também aquela que é distribuída no interior das sociedades, bem como a intolerância e a barbárie mundiais, são o resultado inelutável das oposições Norte e Sul, Ocidente rico X o resto do mundo e, mais recentemente, ‘mundo civilizado’ X ‘fundamentalismo religioso’ ou ‘choque de civilizações’. Guerra infinita porque as polarizações, na verdade, apenas disfarçam a dispersão do inimigo, que se aglutina em redes e nas identificações que produz em todo mundo. É a guerra oportuna da era das identidades irascíveis e incontornáveis”.
Ao deflagrar “Guerra ao terror”, como reação ao 11 de setembro de 2001, e conceder empréstimos, como solução a crise de 2008, o governo norte-americano deixa claro que não concorda nem com Ferguson, nem com Berino, mas eu concordo. Nosso inimigo, o mais mortal de todos, é o capitalismo.
 
Por
Tanísio Vieira
Mestre em História/PUC/SP 
Assessor de Planejamento IMPARH/PMF.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

7 SETEMBRO - INDEPENDÊNCIA DO BRASIL



"A Independência do Brasil" (de Pedro Américo)
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Hoje (7 de setembro) nosso país completa 189 anos de independência, sob os holofotes da midia mundial: este é o 5º ano da nossa "Década de Ouro", iniciada em 2007 (com os XV Jogos Pan-Americanos, no RJ). O Brasil ainda sediou os Jogos Mundiais Militares de 2011 (RJ) e, segunda-feira. dia 12 de setembro, sediará o 60º Concurso Miss Universo (em SP). Ainda seremos anfitriões da Copa das Confederações (2013), da Copa do Mundo de Futebol (2014) e das Olimpíadas de 2016 (RJ). Este é um dos raros momentos nos quais a atenção do mundo converge para um único local. Não é de se estranhar: somos uma nação emergente, democrática, politicamente estável e o líder inquestionável do Hemisfério Sul. A economia está em crescimento, o desemprego é mínimo e ainda não fomos atingidos pela crise que se abate sobre o dito "mundo desenvolvido". Temos motivos para ter a nossa auto-estima elevada, uma vez que ainda somos o 5ª maior e mais populoso país do globo terrestre e a 6ª economia do planeta. Um Estado laico, multi-racial e poli-religioso. Por tudo isso, feliz aniversário, Brasil! Parabéns, brasileiros! Não somos mais o "país do futuro"! Crescemos e amadurecemos: somos a grande nação do século XXI, a potência do presente!

Por: Heitor Miranda
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Saiba mais: http://escolakids.uol.com.br/public/upload/file/independencia%20do%20Brasil2.jpg

domingo, 21 de agosto de 2011

POEMAS EM HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE - 2/2

Esse poema abre a coletânea de poesias "Santos de Quarentena", de minha autoria,  publicado em 1992. O poema é "CIDADE" e a poesia é um mapa de sentimento e ambiente, por onde se ver parida uma cidade. Quando estruturei o poema, Juazeiro – minha terra natal -  me alinhou a inspiração. Sempre estou lendo, relendo e sentindo emoções, principalmente agora no centenário de Juazeiro. Minha cidade, meu mundo, meu esconderijo.

"CIDADE"

Se homem
Se menino
Não sei
Apenas móvel figura de cidade
A inflar na minha mente

Ah! Onde estão os passos?
Vacilantes, desavisados
de quem frequenta o bar
laços de boemia
amarrados à lua
como fina teia
aranha, bicho da sede
e as andorinhas no asfalto

Se mulher
Se menina
Não sei
É a cidade
Sorriso malogro
um piscar de olho
Que nos faz sonhar

A cidade sou eu
De pernas abertas
Peito arfante e dentadura prateada

A procura dos deuses
dos pagãos
dos santos e dos beatos
enquanto geme a cidade
pelos becos
em cama de albergues quaisquer.
 .
                        Poema extraído de "Santos de Quarentena" de Íris Tavares.                   
 Fortaleza, Editora Expressão, 1992.

POEMAS EM HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE - 1/2


Quando li esse poema para Dejesus, seu rosto se contraiu de alegria e emoção. Ela dizia:  
-Lilinha! (apelido que ganhei do meu pai e que só a família ou pessoas muito intimas  à nossa casa, assim me tratavam). Muié você me botou no seu livro! E se ria até chorar. 

Hoje quem chora sou eu. De saudade! Dejesus (agora apenas espírito) habita uma constelação, gourmet das mais raras iguarias. 

Nesse centenário de Juazeiro, um refresco para os(as) filhos(as) de Juazeiro que tiveram o privilégio de se alimentar dos seios, das mãos e do coração da Doce Dejesus.

"DEJESUS"
“Dejesus” mora próximo ao Salgadinho
Mulher roliça
Pele cor da noite
Sorriso claro e iluminado
Como o dia

Nessas andanças à meia luz
Desnudando às ruas
Procurando luas
Avistei aquela figura
Alegria em volta
Mão em festa

Olhar de fartura atrvessa a janela
São os olhos de “Dejesus”
Encurtando as ausências
Manifestando benquerenças

Seus seios fartos
Sempre iguais - alimentando -   
Merenda escolar
Um velho quadro pintado
na memória antiga
Escola Normal

Foi lá que conheci “Dejesus”
Sonhos, pastéis, bolo,
Tapioca e o suco de groselha

“Dejesus” é doceira
é pitada de sal
é cozinheira de mão cheia
é mulher de temporais

Fogão de lenha
brabo cospe fogo
esquenta a casa e a sua dona
e deixa a vizinhança
com água na boca

É o cheiro, o belo odor
que perambula por aqui
que me fisgou
pelo olfato, pela lembrança
   de quem já se deliciou  
                                     de seus doces e guloseimas.                                               

                   Poema extraído de "Santos de Quarentena" de Íris Tavares.                   
 Fortaleza, Editora Expressão, 1992.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

CENTENÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE (CE) - POESIA



CENTENÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE

Juazeiro é uma cidade detentora de uma história bem recente. O que são cem anos frente ao tempo incontável do Brasil? O fato é que, Juazeiro, como o meu berço e de tantas outras pessoas, também é berço de uma tradição que lhe é bem peculiar. Conviver num ambiente entre o sagrado e o profano é como atravessar os corredores do purgatório da Divina Comédia, obra prima de Dante Alighieri. O desfile de personagens de carne e osso nas ruas de Juazeiro inflamaram minha sensibilidade de menina do interior e mais interior fica a cada dia desses 100 anos que comemoramos a memória e a luta de tantos. Dos visionários como esse estranho personagem que queria fabricar um avião de papelão para ganhar os céus.

(ao lendário proletário das ruas: João Remexe-Bucho)

João Remexe Bucho
Bucho Remexe João
sempre catando papel
Montanha de lixo
escarcéu

João pra que tanto papel?
-Pra fazer avião, avião de Papel.

Descansa João Bucho remexe
Bucho à meia luz
Remexe tripa, falta do que comer
Sossegue, aquiete-se pelos bons santos

Pressa se tem não sei
Mas o avião não espera,
Parte ligeiro, sem volta,
ganha o céu, os ares.
Não pode demorar.

Senta-se pra comer oh! João
O resto é porre
fogo, imaginação...
Enche o bucho João

Saco nas costas
Papel, papelim, papelão.
Monturo o recebe
Sociedade o repele
À luz do meio dia.

João Remexe Bucho
Fabrica seu avião
Voa como Gavião
Para bem longe daqui

Remexe Bucho João
e cola as asas desse avião
enquanto a cidade inflama
ao sol do meio dia.
Voa nesse pássaro enorme
Céus cruzeiro
Misterioso Pavão
A guiar-te a terra do imaginário
canteiro do coração!

Extraído do Livro "Santos de Quarentena", de Íris Tavares.
Fortaleza, Editora Expressão, 1992.                  

FOTOS DO INTERCÂMBIO BRASIL-ITÁLIA-FORTALEZA

Clique no painel para vê-lo ampliado.

domingo, 7 de agosto de 2011

COOPERAÇÃO INTERNACIONAL (INTERCÂMBIO ITÁLIA-BRASIL- FORTALEZA)



ABERTURA - ENCONTRO DOS JOVENS DE DIFERENTES CIDADES (TURIM, VÁRZEA PAULISTA, SANTOS, BELO HORIZONTE, SALVADOR, RIO BRANCO E FORTALEZA)

Dia: 01 de agosto de 2011
Local: Instituto Municipal de Pesquisa, Administração e Recursos Humanos de Fortaleza - IMPARH

Fala de abertura da Presidente do IMPARH

          "  Estaremos desenvolvendo nessa semana uma programação iniciada no último sábado dia 30 de julho e que se estenderá até o dia 6 de agosto. A realização desse seminário é fruto de um trabalho que vem sendo cuidado pelo governo da prefeita Luizianne e que visa a aproximação entre as diferentes culturas e a troca de experiencias entre os povos de diversas nacionalidades. Dessa forma, a prefeitura integra de forma magistral órgãos de governo que lidam com o fazer de novas práticas e contribuem para uma nova mudança de mentalidade, tais como: a SECULT-FOR, SDH e as coordenadorias da Diversidade Sexual, das Mulheres, dos direitos da Pessoa Idosa, da Promoção da Igualdade Racial, das Pessoas Com Deficiência e da Juventude.

            O IMPARH, FUCET, COPERI, Coordenadoria de JUVENTUDE e o CUCA  estão diretamente envolvidos nessa atividade que amplia vários horizontes de pensar a nossa cidade em toda sua dimensão cosmopolita. O intercâmbio é uma das formas mais preciosas para se buscar a cooperação entre as experiencias exitosas experimentadas pelas comunidades de todo o mundo. Essa troca é fundamental para que possamos perceber que não estamos sós e que os problemas das pessoas que vivem nas cidades, sejam elas pequenas vilas ou megalópoles são, na maioria das vezes semelhantes, por isso que acreditamos que Fortaleza tem um diferencial importante pois executa políticas públicas que visam proporcionar aos munícipes o acesso ao estudo bilíngue, proporcionando aos seus jovens formação suficiente para que tenham acesso aos conhecimentos produzidos pelas diversas culturas mundiais.

            Somos um governo preocupado com as pessoas, o ambiente, a cultura, a diversidade, a violência que se insurge sobre todos nós. As nossas ações estão sempre voltadas para transformação de um modelo distante dos apelos mais prementes do povo; temos promovido, em parceria com diversas instituições governamentais e da sociedade civil, campanhas que visam combater quaisquer formas de discriminação, de violência, segregação racial, social e sexual. Somemos a tudo isso o modelo de participação popular adotado que é, sem dúvida, um corte propositivo para o aprofundamento da democracia e de um modelo de governo socialista que promove a paz e a justiça social nas cidades, e nas nações.

            A solidariedade é um sentimento que nos unifica e nos mantém vigilantes na construção de uma sociedade pautada na dignidade e no respeito mutuo.

            Encerro minha fala citando um dos maiores defensores mundiais da pluralidade cultural, o argentino Néstor Garcia Cancline. Um intelectual que há década dedica seus estudo para que a humanidade compreenda que é necessária e frutífera a convivência com as diferenças.
Em sua brilhante obra “Culturas híbridas”, afirma:

Para promovermos a democratização não do acesso aos bens culturais mundiais e a capacidade de combinarmos os repertórios, que essa época global expande é necessário, antes de tudo, ações políticas e econômicas. Entre elas, quero destacar, a urgência de que os acordos de livre comércio sejam acompanhados por regras que ordenem e fortaleçam o espaço público transnacional. Um dos requisitos para isso é que, ademais, globalizemos e universalizemos o conceito de cidadania,  para que as culturais multinacionais derivadas de migrações em massa sejam reconhecidas em uma concepção mais aberta da cidadania, capaz de abranger múltiplas pertenças.

            Sejam bem vindos(as) a Fortaleza Bela e que os nossos caminhos nos conduzam a realização coletiva da felicidade que os jovens inspiram: para os dias e tempos que virão depois de nós.

            Forte abraço!"

Maria Íris Tavares Farias
Presidente Instituto Municipal de Pesquisa, Administração e Recursos Humanos de Fortaleza-CE, Brasil.